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Ainda estaremos aqui: o dever de memória no Brasil

No dia 7 de novembro, estreou nos cinemas brasileiros o filme “Ainda estou aqui”, que estrela Fernanda Torres, Selton Mello, Fernanda Montenegro, Marjorie Estiano, Camila Márdila, Maeve Jinkings, Antonio Saboia e Dan Stulbach. Numa adaptação de roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega que adapta o livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o diretor Walter Salles em conjunto com o diretor de fotografia Adrian Tejido transporta o público para os anos 70. A construção narrativa, que cria uma tensão sem utilizar nenhuma imagem violenta e sangrenta, apropria-se, num primeiro momento, de experiências cotidianas para construir uma narrativa muito maior.

O trabalho fotográfico de Adrian Tejido deve ser mencionado, pois, até mesmo em cenas nas quais a casa está vazia, sem mobília ou até mesmo de cortinas fechadas, é possível visualizar - e sentir - que estamos na década de 70. A atmosfera reflete contradições e opressões do período histórico retratado: a ditadura militar. Sem cair em clichês, como canções da resistência da Ditadura (como “pra não dizer que não falei das flores”), ambientes como quartéis, praias (onde raramente se perceberia uma diferença de tempo), casas e até lanchonetes e entidades financeiras, a fotografia se finca na captura entre a silhueta e a sombra.

Na noite do dia 31 de março de 1964, tropas comandadas pelo General Olímpio Mourão Filho, da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora (Minas Gerais), rumaram ao Rio de Janeiro para iniciar um levante contra o governo de João Goulart. Mourão teria agido antes do previsto por temer que o movimento fosse desmobilizado. João Goulart estava no Rio de Janeiro, no Palácio das Laranjeiras, e acreditava, até o momento, que poderia negociar com os militares.

Ainda na madrugada do dia 1º de abril, João Goulart segue para Brasília, mas suas tentativas de conciliação são frustradas. Além das forças armadas, governadores também apoiavam o golpe, como Carlos Lacerda (Guanabara), Magalhães Pinto (Minas Gerais) e Adhemar de Barros (São Paulo). Goulart foi para Porto Alegre, onde o governador Leonel Brizola (seu cunhado) tentava organizar resistência no sul do país. Porém, o apoio foi insuficiente. Os militares locais, incluindo o general Ladário Pereira Telles, pressionaram para que Goulart deixasse o país, temendo um confronto armado.

Durante o dia, em Brasília, ainda no dia 1º de abril, o Congresso Nacional declarou vaga a Presidência da República apesar de João Goulart ainda estar em território nacional. No dia 2 de abril, o Presidente da Câmara do Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente a Presidência da República. Enquanto Mazzilli ocupava o cargo, os militares formavam um comando unificado liderado por chefes das forças armadas. No dia 9 de abril, é instituído o Ato Institucional nº 1 que cassa o direito político de pessoas consideradas opositoras ao regime, entre eles, Rubens Paiva, Deputado Federal pelo PTB.

No dia 11 de abril, o comandante do exército é escolhido Presidente da República e este toma posse no dia 15 de abril de 1964. Aqui se inicia a Ditadura Militar e o contexto do filme “Ainda Estou Aqui”.


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Brasília-DF​

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