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As Eleições Americanas em 2024

Na última quarta-feira, 6 de novembro de 2024, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, após vencer a candidata Kamala Harris. O senador J.D. Vance será seu vice-presidente.

Essa eleição mais uma vez destacou a complexidade do sistema eleitoral americano, que se diferencia bastante dos modelos de outros países, incluindo o Brasil. Nos Estados Unidos, o presidente não é eleito diretamente pelo voto popular, mas sim através do Colégio Eleitoral, um sistema indireto que conta com várias etapas e reflete as tradições democráticas e federativas americanas. Para entender essa estrutura, é importante abordar o processo de primárias, convenções e o papel específico do Colégio Eleitoral.

O processo de escolha do presidente dos Estados Unidos é composto por etapas distintas, começando com as primárias e caucuses, seguidas pelas convenções partidárias e, finalmente, as eleições gerais. Esse modelo busca equilibrar as diferenças populacionais entre os estados e promover um sistema que representa tanto as preferências locais quanto o voto nacional. Primeiramente, ocorrem as primárias e caucuses, entre os meses de fevereiro e junho, nas quais os eleitores dos partidos votam para escolher seus candidatos preferidos. As primárias, realizadas em muitos estados, funcionam como uma votação secreta comum, na qual os eleitores votam individualmente. Os caucuses, por outro lado, são reuniões partidárias onde os eleitores debatem e votam publicamente nos candidatos, um processo mais participativo e menos formal que as primárias. Essas etapas têm grande importância, pois são elas que definem quantos delegados cada candidato terá para apoiá-los nas convenções nacionais, que ocorrem em meados do ano.

Após o período das primárias e caucuses, cada partido realiza sua convenção nacional para oficializar seu candidato à presidência e o candidato à vice-presidência.  Esse evento não é apenas formal, mas também midiático e estratégico: os delegados partidários confirmam os nomes dos candidatos que tiveram mais apoio durante as primárias e caucuses, enquanto o partido busca consolidar sua base e promover as principais plataformas políticas que guiarão a campanha eleitoral.

A convenção é, portanto, um evento crucial que marca oficialmente o início da corrida pela Casa Branca, com os candidatos intensificando suas campanhas e buscando apoio popular até a eleição de novembro.

Na eleição geral, realizada na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, milhões de americanos vão às urnas para votar em seu candidato preferido. No entanto, o sistema de Colégio Eleitoral faz com que o vencedor não seja definido pelo voto popular direto. Cada estado possui um número específico de votos eleitorais, que é proporcional à sua população. Estados grandes e populosos, como a Califórnia, têm mais votos no Colégio Eleitoral, enquanto estados pequenos, como Wyoming, têm menos votos. A maioria dos estados adota o sistema “winner-takes-all”, em que o candidato mais votado em um estado leva todos os seus votos eleitorais, exceto Maine e Nebraska, que utilizam um modelo proporcional. 

Um elemento fundamental nas eleições americanas são os "swing states" ou estados-pêndulo, que podem decidir o resultado final. Estados como Flórida, Pensilvânia e Arizona, com eleitorados historicamente divididos, têm um peso decisivo, pois tanto os republicanos quanto os democratas competem intensamente para ganhar o apoio desses eleitores indecisos. Essa característica faz com que os candidatos concentrem recursos e atenções nesses estados, promovendo políticas específicas e intensificando campanhas locais para conquistar o voto dos eleitores que podem, de fato, decidir a corrida eleitoral. 

Para vencer a eleição, um candidato precisa obter a maioria absoluta, ou melhor, 270 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Caso nenhum candidato alcance essa maioria, a eleição vai para a Câmara dos Representantes, que vota para eleger o presidente, enquanto o Senado vota para eleger o vice-presidente. Este sistema, ainda que questionado, foi estruturado para equilibrar a representação de estados menores e maiores e para garantir que regiões de menor densidade populacional também tivessem peso na escolha presidencial.

Em dezembro, após a eleição, os eleitores do Colégio Eleitoral se reúnem em seus estados para formalizar seus votos, e esses resultados são enviados ao Congresso, que se reúne em janeiro para confirmar oficialmente o vencedor. A posse presidencial ocorre em 20 de janeiro, em uma cerimônia tradicional realizada no Capitólio, que marca o início do mandato de quatro anos do presidente eleito. Esse dia, chamado de Dia da Inauguração, é estabelecido pela Constituição e representa um marco importante na transição pacífica de poder nos Estados Unidos.

Apesar do objetivo do Colégio Eleitoral de balancear as disparidades regionais e de evitar que apenas os estados mais populosos decidam o resultado, esse sistema é alvo de críticas frequentes. Muitos argumentam que ele permite a eleição de candidatos que não alcançam a maioria do voto popular, como ocorreu em 2016, quando Donald Trump venceu Hillary Clinton apesar de ela ter obtido quase 3 milhões de votos a mais. Esse episódio é um dos exemplos emblemáticos das limitações do Colégio Eleitoral, que alguns consideram uma distorção da vontade popular. Defensores do sistema, por outro lado, afirmam que ele assegura que os estados menos populosos mantenham uma voz relevante na política nacional, enquanto críticos argumentam que ele limita a representatividade democrática, permitindo que candidatos com apoio minoritário no voto popular ainda assim assumam a presidência.

Esse sistema, embora controverso, permanece no centro da estrutura democrática dos Estados Unidos, representando uma tentativa contínua de equilibrar a diversidade e a complexidade regional do país com o desejo de unidade e representatividade nacional. A eleição de 2024, como muitas outras na história americana, é um reflexo dessas tensões e dos desafios de um sistema que combina federalismo e democracia direta, onde os "swing states" e o Colégio Eleitoral desempenham papeis essenciais na escolha do líder da nação.


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